O lugar da Astrologia nos estudos de Aby Warburg sobre o Renascimento
The place of astrology in the studies of Aby Warburg about the Renaissance
O lugar da Astrologia nos estudos de Aby Warburg sobre o Renascimento | The place of astrology in the studies of Aby Warburg about the Renaissance
Pesquisa de Mestrado | Master's Research
Pesquisadora Responsável | Responsible Researcher: Priscila Risi Pereira Barreto
Dissertação de mestrado. Programa de Pós-graduação em História da Arte. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo, 2020, 166pp. | Masters dissertation. Postgraduate Program in History of Art. School of Philosophy, Letters and Human Sciences, Federal University of São Paulo, 2020, 166pp.
Resumo | Abstract
Se o problema de Aby Warburg (1866-1929) centrou-se na questão das vidas póstumas da Antiguidade na época do Renascimento, a tópica da orientação do homem pelos astros celestes perpassou sua obra intelectual em ritmo constante. Cientes de que seu legado se estende em seus escritos, sua biblioteca e seu Atlas de Imagens, buscamos compreender o papel do tema astrológico para a sua conceituação de uma ciência cultural - Kulturwissenschaft. Identificamos a presença do tema astrológico ao longo de sua produção textual e analisamos um pequeno conjunto de escritos, empenhados no resgate das fontes iconográficas e literárias referenciadas, denotando as escolhas que lhe foram basilares. Iniciamos pelos estudos em que tratou sobre os deuses astrais antigos em imagens retóricas migrantes entre Norte e Sul da Europa; adentramos seus escritos sobre os afrescos de Ferrara em uma circulação que rompia com as históricas barreiras Oriente x Ocidente; e finalizamos com suas análises mais maduras sobre a herança hermético-helenística comum à Modernidade ocidental. Assegurando que a renovação da Antiguidade pagã no Renascimento herdou concepções astrológicas da mitologia grega helenística, intermediada por uma demonologia indiana e árabe, Warburg ampliou a noção de Renascimento e a própria ideia de Antigo. No rastreio dos detalhes que desnudavam coexistências, contradições e significados invertidos da tradição clássica -recorrente e reativa, atuou como um sismógrafo das tensões polares imanentes ao fazer artístico. Em uma chave antidisciplinar que considera a arte em seu contexto, investigou os percursos e as formulações imagéticas do imaginário astrológico antigo. Indagando sobre a luta do homem moderno para libertar-se do servilismo medieval pela racionalidade, viu no conflito entre culto e cálculo (dos monstros à esfera) a necessidade psicológica de orientação espiritual que é perene à condição humana. Sob uma perspectiva de aproximação entre História da Arte e Ciências da Cultura, considerou imagens, artes, e formulações de pathos como testemunhos históricos ao mesmo tempo partícipes da vida cultural, delineando uma nova história da arte científico-cultural.
If the problem of Aby Warburg (1866-1929) focused on the question of posthumous lives in Antiquity at the time of the Renaissance, the topic of the orientation of man by celestial stars ran through his intellectual work at a constant pace. Aware that his legacy extends in his writings, his library and his Atlas of Images, we seek to understand the role of the astrological theme for his conceptualization of a cultural science -Kulturwissenschaft. We identified the presence of the astrological theme throughout his textual production and analyzed a small set of writings, committed to the rescue of the referenced iconographic and literary sources, denoting the choices that were basic to him. We started with the studies in which he dealt with ancient astral gods in rhetorical images migrating between Northern and Southern Europe; we entered his writings on the frescoes in Ferrara in a circulation that broke with the historic East x West barriers, and we conclude with his more mature analyzes of the hermetic-Hellenistic heritage common to Western Modernity. Assuring that the renewal of pagan antiquity in the Renaissance inherited astrological conceptions from Hellenistic Greek mythology, intermediated by Indian and Arab demonology, Warburg expanded the notion of Renaissance and the very idea of the Ancient. In tracking down the details that exposed coexistences, contradictions and inverted meanings of the classical tradition - recurrent and reactive, he acted as a seismograph of the polar tensions immanent in the art making. In an anti-disciplinary key that considers art in its context, he investigated the paths and imagetic formulations of the ancient astrological imagery. Asking about the struggle of modern man to free himself from medieval servility for rationality, he saw in the conflict between worship and calculation (from monsters to the sphere) the psychological need for spiritual guidance that is perennial to the human condition. From a perspective of approximation between Art History and Cultural Sciences, he considered images, arts, and pathos formulations as historical testimonies at the same time participants in cultural life, outlining a new history of art scientific-cultural.
Palavras-chave | Keywords
Aby Warburg. História da Arte. Iconografia. Astrologia | Aby Warburg. Art History. Iconography. Astrology.
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